Não importa o quão antissocial você diga ser, você precisa de amigos. E não estou falando de amigos pelas redes sociais não. Estou falando de amigos para a vida.
Eu sou diferente de todos ao meu redor, e terei que conviver com isso pelo resto da minha vida. Se já é difícil aceitarmos pessoas “normais” na nossa vida, o que dirá de seres humanos “especiais” como eu!
Mas também não preciso fazer drama. Não é tão impossível assim que eu seja aceito. Na verdade, eu já fui aceito por algumas pessoas. Agora, eu tenho que fazer a minha parte e continuar dando manutenção nesses relacionamentos.
É difícil? Sim, e muito. O que falar? Quando falar? Ligar ou enviar mensagem? Fazer ou não fazer uma visita? Essas são dúvidas constantes, mas eu não me desespero. Se eu tiver algo para falar, eu falo; se não tiver, não falo.
Outra grande dúvida que eu tinha era sobre ligar. Eu não gosto muito de ligação, mas admito que esse método é mais eficiente e rápido. Dá para se comunicar muito mais em 1 minuto de ligação do que em 1 minuto de mensagem. Se eu quiser ligar, eu ligo; e se ele atender, serei atendido. Caso contrário, não atendeu e pronto; deixo para a próxima.
Eu também percebi que tenho que tirar tempo de certas atividades para conversar com os amigos. Parece tão óbvio, mas é que eu nunca tinha notado o quanto de esforço que isso exige, principalmente no início. Muitas vezes tenho que deixar para assistir episódio da minha série favorita para o dia seguinte. Pequenos sacrifícios como este estão se tornando cada vez mais comuns.
Eu também tive de perder a vergonha de falar o que estava realmente sentindo. Eu tive de perder o medo de ser rejeitado por causa desses sentimentos estranhos. Mas não há nenhuma garantia. As garantias são dadas vez após vez, mensagem após mensagem.
As minhas amizades ainda não têm forma, mas logo o objetivo de cada uma delas se tornará claro. Cada um dos meus amigos encontrará sua utilidade na minha vida à medida que eu for me abrindo. Só espero que eles tenham paciência.
Talvez você queira saber: “Está valendo a pena o esforço?” Sim, está! Um tipo novo de conexão está surgindo, algo que eu nunca tinha experimentado antes.
Como assim? Bem, a minha relação com autistas é muito mais emotiva do que racional, mas esses novos amigos não são autistas. Então, eu precisei seguir outro caminho, um formado por princípios bem definidos que me motivem à ações específicas.
Já que não consigo uma ligação emocional, concentrar-me em ações me ajuda a saber se estou no caminho certo. Agora, se ele me trará uma ação à altura, bem, aí é com ele. O que eu não posso deixar de lado é fazer a minha parte.
Assim, embora eu não tenha um “atalho emocional” para me aproximar de outros, isso não significa que eu não possa ser amigo deles. As minhas dificuldades não podem me impedir de ter algo que eu preciso. Além disso, todo mundo precisa, vez ou outra, alguém que veja a vida de uma maneira mais racional, à parte dos sentimentos. Espero completar meus amigos nesse sentido.