Muitos autistas não se consideram deficientes por diversos motivos. Você se considera deficiente? No meu caso, eu não me sinto um deficiente porque descobrir o autismo completou diversas lacunas e explicou os meus mais complicados sentimentos.

Cada autista sabe das suas limitações. Se você ainda não descobriu, vai descobrir de uma maneira ou de outra. Nesse momento de descoberta, você pode se sentir totalmente vulnerável. É aí que você vai ver o autismo como deficiência.

A deficiência não define quem você é, porque ninguém fica conhecido por algo que não conseguiu fazer. As pessoas ficam conhecidas pelo que elas sabem fazer, e isso é o que importa para os outros.

As coisas que eu aprendi a fazer me permitem ajudar meus amigos, e eu me sinto bem quando consigo ajudá-los. Afinal, não estamos numa competição, mas numa colaboração.

Acredito que essa palavra, “colaboração”, deveria ser usada com muito mais frequência do que “competição”. Você não concorda que quando temos a colaboração de outros, especialmente de quem amamos, tudo fica mais fácil?

Por isso, as coisas que nós você não consegui fazer não deveria te incomodar tanto. Afinal, são justamente essas as coisas que te aproxima dos outros. A deficiência que poderia te separar é a deficiência que nos mantem unido. Num mundo que valoriza tanto o saber fazer qualquer coisa, quem admite não conseguir fazer algo é o que merece atenção. É tão difícil encontrar alguém com a mesma dificuldade que a gente…

Desse modo, eu posso concluir que deficiência não inclui aquilo que você não é capaz de fazer. Deficiência é deixar de ajudar outros com o que você sabe fazer.

O que nos define não é aquilo que nos falta, mas sim aquilo que temos—aquilo que temos em abundância.


Eu disse no meu livro que eu considero o autismo uma deficiência. Será que estou contradizendo este texto? Só tem um jeito de descobrir: clicando no link abaixo.

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