O autoconhecimento é uma jornada que todo ser humano precisa fazer. Quando falamos de autistas, essa jornada parece um pouco mais longa e cansativa. No meu caso, o cansaço só veio agora, porque foi como se eu precisasse reviver 26 anos em apenas 3 meses. Eu tive me livrar de muitas máscaras até me sentir do jeito que me sinto hoje.
Isso não significa que eu tenha vivido todo esse tempo sendo uma pessoa falsa. Muito pelo contrário, eu sempre fui eu mesmo. O que mudou foi a minha maneira de ver o passado. Eu descobri que eu poderia ter sofrido um pouco menos por algumas coisas, e aproveitado um pouco mais as outras. Eu percebi que algumas pessoas gostaram de mim de verdade, enquanto outras só se interessaram por aquilo que eu podia dar a elas. Eu estou apenas dando outro significado a tudo que eu vivi.
Eu gosto de pensar que existem 3 versões de mim mesmo: o eu passado, o eu hoje e o eu futuro. Quando eu comecei na jornada do autoconhecimento, pensei que eu fosse o encontrar o eu hoje . Entretanto, o máximo que dá para fazer é conhecer o eu passado. Isso acontece porque iniciar essa jornada implica, por si só, numa mudança. Logo, o eu antes da jornada já faz parte do passado. É igual quando se tenta instalar um aparelho que mede a energia. Esse aparelho precisa de energia. Mas, se vamos gastar energia para alimentá-lo, nunca vamos saber o consumo real.
Por causa disso, é importante nos concentramos em quem nós queremos ser, e não em quem nós somos agora. É interessante como nós temos muito mais controle sobre a nossa futura personalidade do sobre a nossa personalidade atual. Podemos alimentar nossa mente hoje com ideias que vão nos ajudar a tomar boas decisões. Essas decisões garantirão o nosso legado, de certo modo. Afinal, consideramos que nenhuma decisão deve ser tomada sem antes fazer muitas deliberações. Essas deliberações precisam incluir como vamos nos sentir com a conclusão do assunto. Esse sentimento será um reflexo do nosso futuro.
Eu ainda estou formando minha personalidade do futuro. Eu não sei que eventos vão levar ao clímax, mas eu acho que não existe clímax em vida. Até o nosso fim, estaremos à procura de quem somos. O que vai ficar será a nossa reputação, e ela que vai dizer para os outros quem fomos. O que decidirmos fazer hoje sempre terá um impacto sobre quem nos tornaremos no futuro. Assim, decidir sobre quem queremos ser é o maior investimento que vamos fazer na vida.
Como foi que eu vivi os 26 anos da minha vida? Eu deixei registrado no meu livro Autismo Aos 26, que você pode ler no link abaixo.
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