Eu sempre gostei de assistir alguns seriados de humor e muitos deles retratavam essa questão da diferença. Sempre tem um personagem que é mais desajustado e tem dificuldade em lidar com pessoas. Daí, surgiam várias piadas em torno disso.
Hoje em dia, existem muitas restrições quanto a certas piadas, mas quando eu assistia essas séries, o único limite era não falar palavrões. Eu sempre via essas piadas do ponto de vista quem era “normal” e nunca do ponto de vista do desajustado.
Só que as coisas estão mudando ultimamente. As mesmas séries que me faziam rir, hoje me fazem chorar. Eu me identifico muito mais com os diferentes e com os desajustados.
Eu não via isso antes porque minhas máscaras sociais não permitiam. Além disso, no fundo, eu tinha medo de parecer diferente. Mas eu acabava sendo diferente do mesmo jeito.
De fato, muito dos meus amigos confirmaram meus medos. Eles disseram que já me achavam diferente muito tempo antes de descobrir o autismo. Parece que eu sempre fui o desajustado do meu grupo.
Ninguém me critica nem faz piada. Eles só viram que eu era diferente e meio que não reagia da “maneira esperada”.
Por exemplo, eu não consigo conversar com mais de 1 pessoa. Assim, se eu vejo um grupo de amigos meus reunidos numa roda de conversa, eu simplesmente não participo da conversa.
Isso não é falta de interesse. É incapacidade. Por causa disso, eu me afasto do grupo e espero até que todos tenham se dispersado.
É engraçado descobrir que eu é que sou o diferente do grupo. Muitas histórias que eu via fazem muito mais sentido hoje do que antes. Por eu me identificar com o personagem em vários aspectos, eu fico facilmente emocionado.
Mas isso não me torna inferior a meus amigos. Isso só significa que eu preciso lidar com as situações um pouco diferente do que a maioria, só isso.
