Diário do dia 28 de fevereiro de 2020. Consulta com uma psicóloga especialista em TEA. Ela me pergunta: “O que vai mudar na sua vida se você souber que é autista?” Eu respondo: “Basicamente, nada.”
Mentira. Mudou tudo. O jeito que eu olho pras pessoas mudou, a minha autoestima mudou, o meu jeito de falar mudou, o meu jeito de trabalhar mudou, o meu jeito de dormir, estudar, acordar, sentir, vestir, pensar…tudo mudou. Eu saí da consulta e, enquanto voltava para casa, eu pensei: “Será que eu assumo que sou autista ou espero quando tiver o laudo?” Meu medo era alguém perguntar pra mim: “Como você tem certeza disso?”
Hoje eu não tenho mais dúvidas. Eu posso ajustar as velas do meu barco com confiança. Eu não posso controlar os problemas que eu vou enfrentar. Tudo que eu posso fazer é mudar meu ponto de vista. É o que eu tenho feito nos últimos 2 meses. Acredito que seja isso que todos precisam fazer.
Algumas pessoas vão perguntar porque eu deixei de fazer isso ou aquilo. Outras vão me incentivar, com boas intenções, a não parar de fazer o que eu estava fazendo. Se fosse antes, talvez eu tivesse medo de decepcioná-las de alguma forma. Mas agora eu não tenho medo de fazer uma escolha que eu acho que vai decepcionar alguém. Não dá pra velejar se o barco estiver pesado. Não dá pra viver cheio de culpa, preocupação e máscara social. Eu já fiz um progresso estupendo nesse sentido. Não tá na hora de parar ainda. Ainda tem muitos ventos para enfrentar.
Eu contei mais do meu período pós-diagnóstico no meu livro Autismo Aos 26, que você pode ler na Amazon, clicando no link abaixo.
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