Nenhuma palavra é superficial. Cada uma delas sai de um lugar profundo e íntimo que eu nem sabia que existia. Às vezes dói como ser beliscado. Em outros casos, é como uma mordida. Assim, conversar se torna mais um ato de escolher a dor do que escolher palavras.

As palavras saem tossidas e cuspidas, como se algo tivesse saído junto com elas. Sentimentos talvez? Não sei. Só sei que fico mais leve depois. Talvez eu seja uma nuvem sempre prestes a chover quando falam comigo.

No fim do dia, trato minhas dores. A maioria é como uma leve agulhada de dentro do coração pela qual não vale a pena chorar. Mas outras são angustiantes. Geralmente, fico mais aliviado depois que descubro às quais palavras a dor pertence. Essa descoberta é a parte mais feliz do meu dia!

Apesar da dor regular e diária, interagir também me faz bem e é necessário. Não dá para conversar tanto quanto outros, e me vejo em várias situações em que tenho que economizar energia. Mesmo assim, é algo que vale a pena fazer.