Essa frase pode parecer exagero, mas eu percebi que isso é verdade. Eu já até tentei copiar o modo como outras pessoas conversavam. Eu observava o assunto que elas começavam a falar, como davam sequência às ideias, quais perguntas faziam e quando terminavam. Olhando assim parecia tão fácil! Só que na prática, a história era outra.
Eu tinha uma lista de “assuntos descartáveis” que podiam ser usados em qualquer ocasião com qualquer pessoa. Com esses assuntos em mente, eu tentava conversar, mas eu gastava muita energia pensando em como continuar. Minha teoria era de que uma conversa era uma combinação de vários assuntos diferentes conectados com uma palavra. Então, eu tentava encontrar a palavra certa que poderia ser ligada a um próximo assunto. A grande questão que pairava na minha mente era: “Eu mudo para o próximo assunto ou não? E se a pessoa não quiser mais falar? E se ela não entender o que estou falando? E se eu me empolgar e falar demais?”
Conversar parece algo instintivo. Só que não é assim no meu caso. Eu meio que preciso preparar meticulosamente o que vou falar com alguém. Eu fico muito preocupado se aquilo que estou falando está correto. Se por acaso eu disser algo que esteja errado, mesmo se for sem querer, eu fico o dia inteiro pensando naquilo e fico até com vergonha de encontrar com a pessoa de novo. Pra mim, não existe sensação pior do que sentir que enganei alguém.
Dá muito trabalho conversar — não posso simplesmente “jogar fora”.