O modo como entendemos o Universo mudou completamente em 1998, quando se pôde comprovar que ele está em expansão. Isso quer dizer que ele não é estático, com tamanho pré-definido, e nem está se contraindo como alguns acreditavam. O que mais impressiona não é o fato dele estar se expandindo, mas também a incrível velocidade com que isso acontece.

Por isso que eu digo que crianças são como um Universo que se expande num ritmo acelerado. Elas nunca param de aprender, não importa o que façamos para impedi-las. Isso é necessário para a sobrevivência delas. Visto que elas não têm a força e nem a agilidade de um adulto, elas precisam compensar aprendendo bem rápido tudo aquilo que acontece ao redor delas.

Cada criança é única porque cada uma aprende coisas totalmente diferentes. Isso deve ser levado em conta pelos pais e cuidadores. Afinal, eles precisam pensar em tudo que as crianças já sabem sobre um assunto antes de dar a punição adequada.

Quando falamos de crianças autistas, a situação não é tão diferente. Todas as crianças autistas estão sempre observando e aprendendo. É isso que todos nós precisamos entender: toda criança, não importa a deficiência, quer muito aprender.

O que acontece com as crianças autistas é que muitas delas não demonstram que aprenderam determinado assunto. Elas não esboçam nenhuma reação quando falamos com elas. De fato, grande parte nem parece estar nos escutando. E visto que elas têm dificuldade com interação, elas fracassam muitas vezes ao tentar mostrar o que sabem para quem elas acham que são seus amigos.

Isso aconteceu comigo também. Eu sempre aprendi as coisas muito rapidamente, e quando eu queria mostrar o que eu aprendi para algumas pessoas, elas não demonstravam o interesse que eu esperava. Elas não faziam as perguntas certas e eu acabava falando tudo sozinho.

Nas minhas brincadeiras, eu colocava em prática tudo que eu tinha aprendido. Eu inseria muitas regras e por causa disso, ninguém brincava comigo. Assim, eu brincava sempre sozinho, mas eu gostava disso. Eu podia extravasar todas as regras que eu queria, e era exatamente o que eu fazia.

Eu era a única criança de casa que realmente brincava sozinho e gostava disso. O mais legal era que ninguém me obrigava a fazer as coisas com os outros. Esse respeito foi fundamental para mim. Isso me deu tempo para aprender muitas coisas. Como eu falei no início, toda criança é um Universo em expansão, e eu estava sempre aprendendo.

Portanto, o que você precisa fazer por uma criança é tratá-la segundo as suas individualidades. Mesmo pequenas, elas desenvolvem opiniões próprias, e elas vão ficar felizes por saber que você as respeita. Qualquer novo aprendizado que você queira passar para ela deve levar em conta tudo que ela já sabe. Só assim será possível que elas se tornem adultos felizes e bem realizados.


Eu comentei no meu livro Autismo Aos 26 sobre as brincadeiras que eu usava quando criança. Eu também falei mais sobre como os pais devem tratar seus filhos autistas no livro Conselhos para Mães de autistas. Tenho certeza que você vai gostar bastante dos dois livros.

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