“Você aceitaria namorar com seu melhor amigo?” Esse dilema de namorar a melhor amiga é tão antigo quanto o ser humano na Terra. Na minha vida, poucas amizades terminaram por causa disso.
Eu me apaixonei diversas vezes na adolescência. Algumas ninguém ficou sabendo. Outras, eu consegui falar que gostava da pessoa. Em alguns poucos casos, eu pedi a pessoa em namoro. Nenhuma das garotas aceitou, e ainda bem, porque eu sei hoje que eu nunca estive preparado para um compromisso assim.
Eu sempre tive uma grande dificuldade em entender a diferença entre amizade e namoro. Pra mim, essas coisas eram independentes, ou seja, era sim possível namorar alguém sem ser amigo da pessoa. Bem, seguindo essa linha de raciocínio, é perfeitamente possível namorar com uma completa desconhecida.
De fato, muitas pessoas namoram com desconhecidas, mas eu não posso arriscar fazendo isso. Eu levo a sério o namoro e acredito que toda tentativa de namoro deve ter o casamento por objetivo. Então, a ideia de namoro estava bem confusa até agora.
Em 2020, eu encontrei uma pessoa que me fez repensar o processo do namoro. O mais interessante é que eu nem cheguei a pedi-la em namoro. O que aconteceu de verdade foi um sentimento tão intenso que eu nunca havia tido antes. Uma vontade inexplicável de conversar com ela todo dia.
Eu já sabia que eu poderia sentir isso por uma pessoa, mas eu não imaginava que fosse encontrar alguém que valesse a pena tanto esforço. Pela primeira vez eu encontrei alguém que retribuía a minha amizade. Mas algo aconteceu.
Eu considero os meus sentimentos muito mais intensos que o da maioria das pessoas. Por isso, eu acabei me apaixonando pela minha amiga. Eu acho que deixei isso bem claro em algumas conversas que tivemos, mas não tão claro a ponto dela ter certeza. Afinal, eu não queria namorar com ela, mas para tornar alguém, especialmente uma garota, especial na minha vida, era inevitável uma paixonite.
Então, aparentemente eu usei o sentimento que eu demonstraria por uma namorada para fortalecer ainda mais a minha amizade com ela. E ela? Ela ficou chateada com isso? Não, porque ela também não queria namorar.
Nós somos amigos, e o sentimento de romance da minha parte não mudou nada entre nós dois. Eu fico extremamente feliz com isso. Eu me apaixono muito fácil pelas pessoas, mas não posso permitir que isso destrua uma amizade.
Eu sei que não dá pra deixar isso acontecer com qualquer pessoa, e eu preciso ter cuidado com os sentimentos dos outros. Mesmo assim, foi uma experiência interessante sentir tudo isso por ela.
É por causa dessa experiência que eu digo que a amizade transcende o romance. Eu acho que, se a amizade for verdadeira, ela sobrevive mesmo depois de uma tentativa de namoro. E tudo que nós queremos é isso: um amigo verdadeiro.
Corajosamente, escrevi no meu livro Autismo Aos 26 sobre as vezes que eu me apaixonei. Saiba mais no link abaixo:
