Shutdown é um processo regulatório interno que provoca total desconexão do autista com suas emoções e sentidos físicos. O shutdown é o último recurso que o corpo utiliza na tentativa de processar e organizar os estímulos recebidos do ambiente. É totalmente involuntário. Pode durar 1 hora, menos ou o dia inteiro, porque depende muito da pessoa e do método usado para autorregulação.
De onde vem a palavra shutdown?
A palavra “shutdown” é composta por 2 palavras em inglês: shut, que significa fechar, e down, que significa baixo, formando fechar para baixo, o que nos faz lembrar aquelas grandes chaves elétricas que são forçadas para baixo para cortar a energia. Por isso, o termo “shutdown” significa desligamento.
Esse termo é apropriado porque muitos autistas comparam a sensação a desligar-se dos sentimentos.
O que causa o shutdown?
O shutdown ocorre quando o autista está sobrecarregado. Pode ser que o dia tenha sido mais corrido que o normal, ou pode ser que ele tenha tido muitas interações consecutivas, ou teve de permanecer em ambientes com muitos estímulos, e ele não tenha tido tempo para se regular.
O cansaço físico, má alimentação, mudança de rotina e excesso de trabalho também contribuem para o shutdown, já que isso acelera a sobrecarga sensorial.
É comum o autista, por conta da natureza quieta e reservada, guardar muitas preocupações particulares por um longo tempo, já que é difícil para ele tem dificuldade de encontrar amigos e de se conectar com outras pessoas. Essa característica específica dos autistas pode agravar um shutdown.
Quais são os sintomas de um shutdown?
Cada autista é único e apresentará sintomas diferentes. Também, a lista abaixo contém itens que são de problemas de saúde comuns a bilhões de pessoas. Nem todos os sintomas aparecerão ao mesmo tempo. Mesmo assim, é importante observá-los para avaliar a necessidade de ajuda médica durante o shutdown.
Alguns sintomas de que o autista está passando por um shutdown são:
- Ficar paralisado;
- Deitar no chão sem fazer nada;
- Afastar-se das pessoas repentinamente;
- Olhar vazio, direcionado para algum ponto “distante” não identificável;
- Respiração mais rápida ou mais lenta;
- Total ausência de expressão no rosto;
- Extrema falta de interesse em falar, ou falta de força para falar;
O que fazer durante um shutdown?
Não há regra para seguir sobre como ajudar um autista que está num shutdown.
De modo geral, tirar o autista do ambiente que está causando o estresse e levá-lo para um lugar com o mínimo de luz, som e pessoas costuma funcionar. Levá-lo até seu stim toy favorito é de grande ajuda.
No entanto, você precisará conhecer bem o autista para fazer algo mais significativo. Se você não realmente não souber o que fazer, não faça nada.
Se você é responsável por um autista ou se é amigo(a), é bom evitar falar com o autista de uma forma que dê a entender que o que ocorreu foi culpa dele. Expressões como “Você não deveria ter ido em tal lugar”, ou “Você deveria ter prestado mais atenção no seu corpo”, só servem para deixar o autista mais sensível e mais propenso a novas crises. Sem falar que isso vai afastar o autista de você, porque ele vai se sentir inseguro. Isso pode levá-lo a esconder suas crises, o que pode ter consequências bem piores.
Ao invés disso, garanta ao seu amigo que ele pode contar com você sempre que estiver tendo um shutdown. Pergunte o que ele gostaria que você fizesse e nunca tenha vergonha de dizer que ele é seu amigo. Também, não fique se culpando pelo que aconteceu.
Considerações finais
Só porque o shutdown não é tão visível, não significa que seja menos grave. Alguns autistas compararam o shutdown a um vulcão prestes a entrar em erupção. Isso porque, quando o autista não consegue se regular durante um shutdown, ele, por assim dizer, “explode”. À essa explosão emocional chamamos de meltdown.
O João Vitor, do Eu Singular Diário, explicou com bastante clareza o que é um shutdown. Vale a pena ouvir a explicação dele.
Eu falei um pouco sobre meu shutdown no meu livro Autismo Aos 26. Você pode comprá-lo no link abaixo:
