Epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento cerebral, em que um grupo de neurônios ficam hiperexcitados e emitem sinais elétricos incorretos pelo cérebro num local específico ou de maneira generalizada.
Quando os sinais são restritos a apenas um hemisfério, a crise é chamada de parcial. Mas, quando os sinais se espalham pelos dois hemisférios, a crise é generalizada, ou total.
Estudos mostram que há uma prevalência maior de epilepsia em autistas do que na população em geral. Embora não se compreenda totalmente os motivos, é provável que o mal desenvolvimento do cérebro presente em ambos os casos esteja relacionado.
Há vários tipos de crise epiléptica:
Crise de ausência. Durante esse tipo de crise, o indivíduo se “desliga” por alguns instantes, e logo retoma o que estava fazendo.
Crise parcial simples. Nesse tipo de crise, o indivíduo perde o controle sobre uma parte do corpo, como a boca ou as mãos. Ele pode sentir um medo repentino e desconforto na visão, fala ou audição durante e após essa crise.
Crise parcial complexa. Trata-se de uma crise parcial simples, como explicado anteriormente, junto com a perda de consciência. Além dos desconfortos da crise simples, o indivíduo pode ter dificuldades para lembrar onde está, o que aconteceu e o que estava fazendo.
Crise tônico-clônica. Nessa crise, o indivíduo perde a consciência, seu corpo fica rígido, desmaia bruscamente e, então, seus membros tremem e se contraem.
A causa da epilepsia pode ser uma concussão recente ou antiga, traumas durante o parto, abuso de drogas e de álcool, ou tumores. Outras doenças neurológicas podem facilitar o aparecimento da epilepsia.
Para se diagnosticar a epilepsia, uma única crise não é o suficiente. É necessário que haja mais de uma crise num intervalo de, no mínimo, 24 horas entre elas. Elas também precisam ocorrer de maneira espontânea, ou seja, sem que haja outra causa provável, como abuso de drogas e álcool, por exemplo.
Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagens são muito importantes para diagnóstico e tratamento da epilepsia. O histórico do paciente também é muito valioso. Se as crises incluírem desmaios, testemunhas oculares são essenciais para identificar o tipo de crise envolvida e dar a assistência necessária. O diagnóstico pode ser feito por um neurologista ou por um epileptologista.
Quando o indivíduo passa vários anos sem crise e sem medicação, ele pode ser considerado curado. Entretanto, na grande maioria dos casos, é possível ter uma vida normal se o indivíduo tomar corretamente os medicamentos antiepilépticos.
Talvez você se pergunte o que fazer para ajudar alguém em crise epiléptica. Abaixo, o Ministério da Saúde recomenda que se faça o seguinte:
- mantenha a calma e tranquilize as pessoas ao seu redor;
- evite que a pessoa caia bruscamente ao chão;
- tente colocar a pessoa deitada de costas, em lugar confortável e seguro, com a cabeça protegida com algo macio;
- nunca segure a pessoa nem impeça seus movimentos (deixe-a debater-se);
- retire objetos próximos que possam machucar;
- mantenha-a deitada de barriga para cima, mas com a cabeça voltada para o lado, evitando que ela se sufoque com a própria saliva;
- afrouxe as roupas, se necessário;
- se for possível, levante o queixo para facilitar a passagem de ar;
- não tente introduzir objetos na boca do paciente durante as convulsões;
- não dê tapas;
- não jogue água sobre ela nem ofereça nada para ela cheirar;
- verifique se existe pulseira, medalha ou outra identificação médica de emergência que possa sugerir a causa da convulsão;
- permaneça ao lado da pessoa até que ela recupere a consciência;
- se a crise convulsiva durar mais que 5 minutos sem sinais de melhora, peça ajuda médica;
- quando a crise passar, deixe a pessoa descansar.
Embora viver com epilepsia possa ser um incômodo, muitas pessoas, inclusive autistas, com epilepsia conseguem realizar todas as atividades necessárias do dia-a-dia e ter uma vida relativamente normal. Sendo assim, o diagnóstico não deve ser encarado como o fim da vida, mas como uma nova fase na vida com desafios próprios.
Referências
LIGA BRASILEIRA DE EPILEPSIA. O que é epilepsia?. Epilepsia, São Paulo. Publicado em 1º abr. 2025 às 17h45. Disponível em: https://epilepsia.org.br/epilepsia/o-que-e-epilepsia/. Acesso em: 17 jul. 2025 às 10h00.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EPILEPSIA. Autismo e epilepsia. São Paulo. Revisado em 5 fev. 2025 às 21h05. Disponível em: https://epilepsiabrasil.org.br/autismo-e-epilepsia/. Acesso em 18 jul. 2025 às 11h25.
HELENA VARELLA BRUNA, Maria. Epilepsia. Doenças e Sintomas, São Paulo. Publicado em 20 abr. 2011. Revisado em 11 ago. 2020. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/epilepsia/. Acesso em: 17 jul. 2025 às 10h13.
GOVERNO FEDERAL (Ministério da Saúde). Epilepsia: conheça a doença e os tratamentos disponíveis no SUS. Saúde. Publicado em 26/03/2022 15h34. Revisado em 03/11/2022 13h40. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/marco/epilepsia-conheca-a-doenca-e-os-tratamentos-disponiveis-no-sus. Acesso em: 17 jul. 2025 às 10h30.