Hiperfoco é um interesse intenso e ativo numa mesma atividade ou assunto. Para os autistas, esse interesse pode durar dias, meses e até anos.
Todas as pessoas podem desenvolver interesse profundo por um tema e se aperfeiçoar numa determinada atividade pelo resto da vida. Entretanto, quem não é autista possui uma maior flexibilidade cognitiva e seus interesses não são tão restritos.
No caso dos autistas, porém, essa flexibilidade é bem menor, tornando o hiperfoco parte do conjunto de comportamentos repetitivos e restritos. Portanto, ele também é uma ação autorregulatória e pode ajudar a evitar crises.
Alguns autistas desenvolvem seu hiperfoco como um meio para se sustentar financeiramente. Outras o fazem por prazer, e ficam ansiosos quando não podem realizá-lo. O que há de comum entre os autistas é que eles podem se aprofundar tanto num tema a ponto de se tornarem verdadeiros especialistas no assunto.
Um exemplo de hiperfoco em crianças é assistir repetidas vezes um desenho por várias horas e por vários dias a ponto de memorizar todas as falas de todos os personagens. Outro exemplo é ouvir uma mesma música, ou um trecho de uma música, inúmeras vezes.
O autista pode ter hiperfoco em qualquer assunto que ele tenha interesse.
À medida que o autista cresce, o seu cérebro se desenvolve melhor e se torna mais flexível. Dessa forma, ele consegue alternar entre vários assuntos quando necessário e decidir quais desses assuntos merecem mais de seu tempo e atenção, equilibrando o interesse pelo seu assunto de hiperfoco com outras atividades essenciais para a vida. Obviamente, cada autista é único e o desenvolvimento não acontece da mesma forma para todos. Pode acontecer de um autista chegar à idade adulta e o hiperfoco impedi-lo de se concentrar em outros assuntos mais essenciais.
Muitos autistas relatam terem apenas 1 hiperfoco, enquanto outros dizem ter vários assuntos de hiperfoco simultaneamente.
O assunto de interesse pode mudar com o tempo, mas a característica de hiperfoco acompanha o autista pelo resto da vida, em maior ou menor grau.
O vídeo a seguir é uma conversa entre Willian Chimura, programador, com Tiago Abreu, apresentador do Podcast Introvertendo, ambos autistas. Os dois falam um pouco mais, na prática, sobre o hiperfoco nos autistas e em como seus assuntos de interesses os afetam:
Inclusive, o podcast Introvertendo gravou um episódio específico sobre Hiperfoco. Vale a pena conferir no Spotify: