As crises no autismo são causadas pela desregulação sensorial, ou um desequilíbrio, em um ou mais sistemas do corpo. Por isso que as crises se manifestam de maneiras diferentes em cada autista.
Os autistas possuem um sistema neurológico desregulado. Dessa forma, eles podem sentir algumas coisas com mais intensidade e outras com menos intensidade.
O principal motivo para o desencadeamento de uma crise é o excesso de estímulos. A isso damos o nome de sobrecarga sensorial.
A sobrecarga sensorial tem esse nome porque ela está intimamente ligada aos sentidos do corpo humano. Dessa forma, os estímulos podem ter origens variadas. Eles podem ser sonoros, visuais, táteis, sinestésicos (cheiros), emocionais, entre outros.
Algo interessante de se lembrar é que, como o cérebro do autista funciona diferente, ele também vai receber os estímulos de maneira diferente. Por isso, é um grande desafio entender exatamente o motivo da crise de um autista.
Muitos autistas, quando estão em crise, podem ter reações um tanto estranhas para quem os observa. No entanto, essas reações são exatamente o que eles precisam para se regularem e se adaptarem ao ambiente em que eles estão.
Essas reações são chamadas de processos regulatórios, porque têm como objetivo fazer o cérebro e os sentidos do corpo se regular e se adaptar.
Alguns processos regulatórios comuns nos autistas são:
- Balançar as mãos;
- Bater a mão na cabeça
- Chorar;
- Gritar;
- Repetir frases;
- Rodopiar;
- Tapar os ouvidos;
Outros processos regulatórios podem incluir:
- Automutilação;
- Bater a cabeça na parede;
- Roer as unhas;
Na tentativa de impedir que o autista machuque a ele mesmo, a pessoa pode acabar sendo ferida por causa dos movimentos involuntários do autista em crise. Em alguns casos, a única maneira viável de impedir que um autista se machuque é imobilizando todos membros do seu corpo até que ele se acalme. Ou pode ser que você tenha remover os estímulos do ambiente em que ele está. Mas você nunca deve tentar ajudar um autista sem antes conhecê-lo muito bem, porque, sem saber a o que ele é sensível, você pode acabar piorando a situação.
Todos os seres vivos possuem processos regulatórios. O certo é o corpo ser capaz de executá-los sem incômodo algum, mas isso não acontece com os autistas.
Dependendo do tipo da crise, podemos chamá-la de Shutdown, Meltdown ou Burnout. Um tipo de crise pode desencadear a outra.
Não existe cura para as crises, mas existem medicamentos e terapias que podem amenizá-las. Todos os autistas têm que lidar com crises por toda a vida.
Entender que as crises do autismo acontecem por causa de limitações físicas e não por falta de vontade da pessoa é o primeiro passo para providenciar ajuda.
No vídeo a seguir, do canal Mundo Autista, Selma Sueli e Victor Mendonça falam um pouco mais das crises no autismo.
O Tiago Abreu e a equipe do Introvertendo também dedicaram 1 episódio inteiro para falar das crises no autismo que vale muito a pena ouvir.
Referências
EPISÓDIO 29: Crises e Estresse. [Locução de]: Tiago Abreu, Paulo Alarcón e Thaís Mösken. Podcast. (Introvertendo). Disponível em: https://www.introvertendo.com.br/podcast/introvertendo-29-crises-estresse/. Acesso em: 22 set. 2021.
SUELI, Selma. MENDONÇA, Victor. Mundo Autista. As crises no Asperger. Youtube, 19 de agosto de 2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=EZ2oZzxbxsY>. Acesso em: 22 set. 2021.
Eu expliquei sobre minhas crises no meu livro Autismo Aos 26. Você pode comprá-lo no link abaixo:
