Para compreender os níveis de autismo, é importante entender que a classificação é feita de acordo com a quantidade de apoio que o autista precisa para realizar as atividades diárias. Sendo assim, a classificação com numeração mais alta não significa que a pessoa seja “mais” ou “menos” autista.

Também é bom entender que os termos “autismo leve”, “autismo moderado” e “autismo severo” não são mais usados.

E, tecnicamente, os sintomas de autismo são bem específicos: déficits na comunicação social e comportamentos restritos e repetitivos. As diferenças entre os níveis estão nesses dois aspectos. Isso significa que qualquer déficit que vai além desses sintomas não faz parte de autismo, embora possa ser causado direta ou indiretamente por ele.

Outra coisa importante é saber que os seguintes diagnósticos relacionados ao autismo não existem mais:

Com isso mente, fica mais fácil entender os níveis de autismo, que são os seguintes:

Nível 1: “Exigindo apoio”

Uma pessoa diagnosticada com autismo nível 1 consegue iniciar conversas com outros, mas tanto suas tentativas de abertura quanto suas respostas às interações de outros são incomuns e estranhas. Na maioria das vezes, suas tentativas de iniciar amizade são malsucedidas.

Ela tem dificuldade em trocar de atividades, para se organizar e para se planejar, o que prejudica a sua independência. Ela também tem comportamento inflexível em certos contextos.

Nível 2: “Exigindo apoio substancial”

Uma pessoa diagnosticada com autismo nível 2 apresenta dificuldades com a comunicação social mesmo com apoio, limitação em dar início a conversas e suas respostas às interações sociais são reduzidas e anormais. Seus interesses são reduzidos e a comunicação verbal acentuadamente estranha.

Ela tem comportamentos repetitivos numa frequência tal que pode ser observada por qualquer pessoa e tem grande sofrimento para mudar de uma atividade para outra. Isso ocorre em vários contextos da vida.

Nível 3: “Exigindo apoio muito substancial”

Uma pessoa diagnosticada com autismo nível 3 apresenta grandes dificuldades em iniciar conversas e suas respostas às interações de outros são mínimas. Ela raramente inicia conversas, mas, quando o faz, sua abordagem é incomum e para satisfazer necessidades.

Ela tem extrema dificuldade para lidar com mudanças e seus comportamentos repetitivos interferem em todos os contextos da vida. Ela tem grande sofrimento com mudanças.

Considerações finais

Cada pessoa é única. Duas pessoas com autismo nível 1, por exemplo, terão necessidades de apoio totalmente diferentes. O mesmo se dá para outros níveis.

Outra coisa a se levar em conta, é que uma pessoa com autismo nível 1 pode ter grande habilidade em iniciar e manter conversas. Entretanto, se ela estiver cansada e estressada, ela pode perder essa habilidade e necessitar de mais apoio do que é comum para ela.

Mas o fato de uma pessoa passar a necessitar de mais apoio durante um período na vida não significa que ela tenha mudado de nível. O diagnóstico de autismo, bem como o seu nível, é permanente. Ele é dado de acordo com as necessidades de apoio gerais da pessoa e não de acordo com um momento isolado da vida dela.

Então, embora existam apenas 3 níveis para o autismo, não apenas cada pessoa é única como também cada circunstância em que ela se encontra é única. Além disso, a classificação é para o autismo e não para a pessoa. Lembrar disso ajuda a evitar julgamentos precipitados e a continuar tratando a pessoa com a humanidade que ela merece.

Eu contei sobre minhas dificuldades como autista nível 1 no meu livro Autismo Aos 26:

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Referências

American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (5a ed.; M. I. C. Nascimento, Trad.). Porto Alegre, RS: Artmed.

AUTISMO EM DIA. Existem tipos de autismo? Como identificar os níveis. Publicado em 05 nov 2019. URL: https://www.autismoemdia.com.br/blog/existem-tipos-de-autismo-como-identificar-os-diferentes-niveis/. Acessado em: 08 abr 2024 16h43.